Iniciativas do Dia Mundial da Saúde Sexual: o poder da palavra
Marta Crawford é psicóloga clínica, terapeuta sexual e terapeuta familiar. Apresentou os programas de televisão AB Sexo (TVI), Aqui há Sexo (TVI24) 100 Tabus (SIC Mulher) e 5 Para a Meia Noite (RTP1). Publicou Sexo Sem Tabus, Viver o Sexo com Prazer, Diário Sexual e Conjugal de um Casal (na editora Esfera dos Livros). É autora do projeto MUSEX, Museu pedagógico do Sexo.
Paulo Côrte-Real é ativista pelos Direitos Humanos e contra as discriminações, em particular no campo do género e da orientação sexual. Doutorado em Economia pela Harvard University, é Professor na Nova SBE. Já desempenhou cargos vários na ILGA Portugal, na ILGA-Europe e na Amnistia Internacional Portugal e foi também responsável pelo programa “Fora do Armário” na Antena 1. Integra a Plataforma de Reflexão e Intervenção sobre Género e Sexualidade “Coisas do Género” e coordena o programa “Campolide é Igualdade”.
Bernardo Mendonça é jornalista do Semanário Expresso, desde 2001, com larga experiência na área da sexualidade, questões de género e LGBTI. Foi distinguido com o Prémio Media 2008, da rede ex aequo, com a reportagem “Lésbicas e muito mulheres”. Co-autor do livro “Vamos Falar de Sexo” e da rubrica de televisão homónima, no Jornal da Noite, da SIC. Na Rádio Oxigénio falou de livros e histórias reais contadas pelos ouvintes em “Da Mão prá Boca” e “A Vida em A4”. Autor do podcast de conversas do Expresso “A Beleza das Pequenas Coisas”.
Escutar o que as pessoas têm a dizer sobre a forma como vivem ou viveram questões fundamentais para o bem-estar, como a saúde e os direitos sexuais. Este é um dos objetivos das iniciativas da Sociedade Portuguesa de Sexologia Clínica, para celebrar o Dia Mundial da Saúde Sexual (definido pela WAS como o 4 de setembro).
Marta Crawford (terapeuta sexual e terapeuta familiar), Bernardo Mendonça (jornalista do Expresso) e Paulo Côrte-Real (economista e ativista dos direitos LGBTQI+) – que integraram uma Comissão criada pela SPSC para celebração do Dia Mundial da Saúde Sexual – foram os responsáveis pela concepção e condução de várias iniciativas que dão a palavra às pessoas.
Foi criado um site português para a celebração do Dia Mundial da Saúde Sexual (estreia a 4 de setembro). É lá que será alojada outra iniciativa que pretende criar uma consciência coletiva, alertar para os direitos sexuais. Trata-se de um “mosaico de histórias” contadas na primeira pessoa (em texto ou em vídeo), dando conta de situações de privação dos direitos sexuais ou de situações em que a saúde sexual tenha sido posta em causa. “Ajuda a perceber que os direitos sexuais estão ainda longe de ser uma realidade, e que há muito a fazer para que sejam de todas e de todos nós”, defende a Comissão.
A compilação de relatos de pessoas vai estar online a partir de 4 de setembro, e crescer ao longo de todo o mês, à medida que cheguem mais contributos.
Apelo à participação na iniciativa:
“A saúde sexual e os direitos sexuais são fundamentais para o bem-estar! Se já foste vítima de discriminação, violência, assédio ou abuso sexual, se não tiveste ou não tens acesso a cuidados adequados de saúde sexual e reprodutiva, se não tiveste ou não tens a informação e educação adequadas sobre a tua saúde sexual e reprodutiva, se sentes que nalgum momento a tua liberdade e a tua autonomia sexual e reprodutiva já foram postas em causa, então quebra o silêncio e partilha a tua história. Faz um vídeo ou escreve o teu testemunho e envia para dmss@spsc.pt para o publicarmos no site do Dia Mundial da Saúde Sexual. Dá voz aos teus direitos!”
O jornal Expresso vai lançar também, a propósito do Dia Mundial de Saúde Sexual, um vídeo documental (curta metragem) – intitulado O que é isso dos direitos sexuais? – que conta com o apoio da Sociedade Portuguesa de Sexologia Clínica, através da Comissão integrada por Marta Crawford, Bernardo Mendonça e Paulo Côrte-Real. Nesta iniciativa do semanário Expresso, que sai à rua para pensar a sexualidade, “ouve-se a voz das pessoas, percebe-se o que pensam sobre a prevalência do machismo ou da homofobia, sobre a existência de situações de abuso ou de violência sexual. As pessoas têm experiências importantes para partilhar e exemplos pessoais que mostram a importância dos direitos sexuais e a necessidade de falar sobre eles”, defende a Comissão que apoiou a concretização da iniciativa do Expresso.
O vídeo documental será divulgado no site do Expresso online, no site da Sociedade Portuguesa de Sexologia Clínica (www.spsc.pt) e do Dia Mundial da Saúde Sexual (www.spsc.pt/diamundialsaudesexual), e promovido nas redes sociais. O Expresso Diário vai disponibilizá-lo a partir de 3 de setembro, e o Expresso Semanário a partir de dia 4.
- O direito à igualdade e à não discriminação;
- O direito à vida, liberdade e segurança pessoal;
- O direito à autonomia e integridade corporal;
- O direito de estar isento de tortura, tratamento ou punição cruel, desumana ou degradante;
- O direito de estar isento/a de todas as formas de violência ou coerção;
- O direito à privacidade;
- O direito ao mais alto padrão de saúde atingível, inclusive de saúde sexual; com a possibilidade de experiências sexuais prazerosas, satisfatórias e seguras;
- O direito de usufruir dos benefícios do progresso científico e suas aplicações;
- O direito à informação;
- O direito à educação e o direito à educação sexual esclarecedora;
- O direito de constituir, formalizar e dissolver casamento ou outros relacionamentos similares baseados em igualdade, com consentimento livre e absoluto;
- O direito a decidir sobre ter filhos, o número de filhos e o espaço de tempo entre eles, além de ter informações e meios para tal;
- O direito à liberdade de pensamento, opinião e expressão;
- O direito à liberdade de associação e reunião pacífica;
- O direito de participação em vida pública e política;
- O direito de acesso à justiça, reparação e indemnização.