Bilhete de Identidade de Projeto #3 – Algodão Doce / GAF
TÍTULO: Projeto Algodão Doce
INSTITUIÇÃO: Gabinete de Atendimento à Família (GAF)
DATA DE INÍCIO: 2013
FINANCIAMENTO: POISE, Portugal 2020, Programa CLDS 3G
PARCEIROS FUNDADORES: Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Viana do Castelo; JI Mazarefes do Agrupamento Escolas Monte da Ola; Jardim de Infância Bom Pastor do Centro Social e Paroquial Sr. Socorro e Externato Maria Auxiliadora.
PARCEIROS ATUAIS: Projeto CLDS 3G Viana Consigo, Agrupamento Escolas Monte da Ola e Agrupamento Escolas Abelheira.
COORDENAÇÃO: Carina Parente, psicóloga responsável pelo Centro de Atendimento Psicossocial VIH/SIDA (CAPS) do Gabinete de Atendimento à Família (GAF).
CONTACTOS: caps@gaf.pt / 967 385 177
DATA: 30 de novembro de 2018
PRETENDEMOS… promover uma reflexão/ação conjunta (colaborativa e concertada) entre jardins de infância e famílias ao nível da educação para a sexualidade, maximizando competências profissionais e pessoais; Os nossos objetivos são:
1. Explorar as perceçpões dos pais/mães de crianças (4-5 anos) sobre a promoção da saúde e, em particular, a educação para os afetos e sexualidade;
2. Promover a reflexão conjunta entre pais/mães e educadores(as) de infância acerca do papel que cada pessoa desempenha na educação sexual das crianças, fomentando o seu envolvimento efetivo;
3. Promover o desenvolvimento de competências pessoais e sociais em pais/mães, educadoras/es e crianças neste âmbito;
4. Proporcionar às crianças uma descoberta informada e responsável da sexualidade e dos afetos, individualmente e no grupo;
5. Analisar a pertinência da abordagem dos afetos e da sexualidade no ensino pré-escolar, através do conhecimento e do comportamento da criança, como complemento da educação parental;
APOSTAMOS… na intervenção desde tenra idade: multidimensional, articulada, estruturada, mas elástica, permitindo a adaptação às especificidades de cada grupo, assente em parcerias, e num efeito multiplicador. Uma intervenção que permita que as famílias respeitem as suas crianças na sua individualidade, as ensinem a expressar-se com segurança e a crescer autoconfiantes e capazes de resolver problemas, lhes transmitam valores como o respeito por si e pelos/as demais e que sejam consistentes nas normas e limites que impõem, conseguindo gerir as expectativas e aceitá-las, permitindo-lhes crescer livres de pressões e envolvidas em afeto.
SOMOS UMA EQUIPA DE… profissionais da área comunitária, da psicologia, do serviço social e da animação sociocultural, que acredita que através da prevenção primária e, em particular do recurso à educação para os afetos e sexualidade desde tenra idade, se conseguirá que a sexualidade humana seja encarada como parte integrante e fundamental da pessoa humana, livre de tabus e crenças erróneas.
GOSTARÍAMOS QUE NOS VISSEM COMO… aliadas/os e parceiras/os na construção de uma sociedade mais inclusiva, que valoriza a sexualidade humana como umas das forças motrizes do desenvolvimento integral e positivo da criança desde o seu nascimento. Mas, também, que nos vissem como uma equipa que procura e fomenta maior abertura, considerando a diversidade sexual humana como positiva, afastando olhares discriminatórios e valorizando-se a igualdade de direitos sexuais.
FAZEMOS… ou melhor, implementamos 3 ações complementares em áreas rurais do Alto Minho, ao longo de 2 anos:
-Formação de educadores/as de infância (grupos focais);
-Sessões para famílias (grupos focais);
-Sessões para crianças, a implementar com educadores/as no jardim de infância – Programa Manta dos Afetos.
Partindo das necessidades identificadas e das características dos grupos-alvo, as temáticas a explorar nas sessões de discussão focalizada são transversais e incluem os seguintes temas: família, vinculação e afetos: risco e proteção; descoberta e proteção do corpo: saúde/doença, prazer, abuso; cidadania: participação, direitos e deveres; (des)igualdade de género: identidade, expressão e violência; contributos de diversos agentes na educação para os afetos e sexualidade.
De forma complementar à intervenção direta com a população alvo do Projeto, elaboramos Guias de Apoio (compilações de informação científica e atividades práticas para aprofundar e explorar as temáticas que suscitam maior preocupação/interesse nas famílias e educadoras de infância).
1º GUIA_ Projeto Algodão Doce
O QUE PARA NÓS É ESSENCIAL NO TRABALHO QUE DESENVOLVEMOS… é a parceria, a verdade, a cumplicidade, a confiança e as sinergias criadas entre as pessoas. Mas também estar no contexto, ir ao encontro das pessoas no ambiente onde as crianças crescem. Deste modo, mães e pais conhecem as suas crianças de uma forma mais abrangente, e educadoras de infância conhecem mais profundamente as/os parceiras/os educativos na educação das crianças que cuidam e orientam nos primeiros anos de vida.
VAMOS AO ENCONTRO DAS PESSOAS… das famílias e de educadoras/es de infância que assumem que é sua responsabilidade educar para os afetos e sexualidade as suas crianças e que, simultaneamente, sentem desconforto e medo ao fazê-lo, mas que têm interesse em melhorar competências, encontrar e validar estratégias.
AS PESSOAS VIERAM AO NOSSO ENCONTRO… recebemos inúmeros pedidos de colaboração de agrupamentos de escolas (do distrito) no âmbito da educação para os afetos e a sexualidade, tendo por base as iniciativas desenvolvidas para divulgação dos resultados com a experiência piloto (de 2013 a 015, em três Jardins de Infância do concelho de Viana do Castelo). Os pedidos de implementação do projeto Algodão Doce somam-se!
INSPIRA(M)-NOS… as crianças e a sua capacidade de simplificar tudo à sua volta, olhando o pormenor com alegria e esperança; as pessoas que sofrem diariamente pelas crenças e mitos que carregam consigo trazidos pela educação tradicional e “fechada”, que desvaloriza ou “marginaliza” a sexualidade; as pessoas que vivem à margem, segregadas pelo olhar destrutivo, culpabilizante e questionador da/o outra/o e da sociedade no geral; mas também nos inspira o que acontece no âmbito da educação para os afetos e sexualidade em vários países europeus. Os programas de educação sexual mais abrangentes e que demonstram maior eficácia são desenvolvidos nos países nórdicos e do Benelux, destacando a Holanda onde a implementação se inicia aos quatro anos de idade, com enfoque nos aspectos do conhecimento do corpo, autoimagem e relações interpessoais conforme o programa Relationships & Sexuality (Beaumont & Maguire, 2013) e, sendo de caráter obrigatório a partir dos cinco/seis anos em países como a Bélgica Luxemburgo, Suécia, França e Irlanda (IPPF, 2006).
BATEMO-NOS POR… uma educação para os afetos e sexualidade desde tenra idade, partilhada entre a família e o pré-escolar. Por mostrar que a Lei que, em Portugal, enquadra a educação sexual em meio escolar (60/2009 e Portaria nº 196-A/2010) omite o ensino pré-escolar. Batemo-nos por abrir espaço à tolerância face às diferentes vivências da sexualidade, como fonte de bem-estar para tod@s. Pelo direito de cada pessoa a decidir em função do que sente ser o melhor para si nas relações que vai estabelecendo ao longo da vida. Pelo Direito de cada pessoa viver de forma positiva, afetiva e livre as relações amorosas e sexuais, com proteção, e afastando estigmas e discriminação!
LUTAMOS CONTRA… uma educação marcada por uma visão tradicional em que predominam ideias estereotipadas da criança, do homem e da mulher. Contra o modelo vigente de sexualidade na sociedade contemporânea ocidental – heteronormativo e monogâmico – que não reflete toda a diversidade sexual humana existente, e revela inúmeras vezes o sofrimento implícito. Contra a visão redutora da sexualidade que associa a “normalidade” à janela da vida reprodutiva.
COM AS PESSOAS APRENDEMOS… que vale a pena sonhar, lutar, acreditar no potencial humano e caminhar na construção de algo superior: o equilíbrio e o bem-estar individual e a paz e respeito mútuo! Que efetivamente se aprende sempre algo novo na interação social. Que o caminho é feito de pequenos passos.
DAS PESSOAS ESCUTAMOS… o desconforto e a ansiedade no que toca à melhor forma de dialogar com crianças sobre afetos e sexualidade. Escutamos a falta de preparação para explorar certos assuntos como a identidade LGBTI, o abuso sexual, as manifestações sexuais das crianças ao longo do seu desenvolvimento. Apesar dos receios iniciais, os participantes consideram que os assuntos debatidos nas sessões de grupos focais são de grande utilidade para o desempenho do seu papel parental neste âmbito, com particular destaque para a prevenção do abuso sexual e reforço da autoestima e da imagem pessoal.
CONSIDERAMOS PRIORITÁRIA A APOSTA… na promoção da saúde e do desenvolvimento psicossocial das crianças, reconhecendo a importância da família e das instituições educativas. A 1ª infância é um território com elementos essenciais à formação da sexualidade da pessoa adulta. A evidência empírica revela que as famílias e profissionais de educação têm interesse em educar as crianças sobre sexualidade, sendo crescente e real a preocupação com a educação para a sexualidade nas escolas. Porém, constata-se a necessidade de maior e mais efetivo investimento nesta área e a necessidade de criação de sinergias favoráveis à sua implementação de forma sistemática, consistente e adaptada às características do público-alvo, das famílias e dos contextos institucionais.
AGRADECEMOS… a genuinidade, a disponibilidade, o tempo dedicado a esta caminhada conjunta ao longo de 2 anos, a frontalidade, cada sorriso e cada expressão de preocupação e medo, cada abraço, cada questão, e principalmente cada experiência partilhada.
RECOMENDAMOS OS SEGUINTES SITES INFORMATIVOS PARA QUEM SE INTERESSE SOBRE A NOSSA ÁREA DE INTERVENÇÃO:
SPSC – Como tem sido estar à frente do projeto social do GAF [IPSS criada pela Ordem dos Padres Carmelitas de Viana do Castelo], que tanto trabalho tem feito pela promoção da saúde sexual e dos direitos sexuais, no quadro do apoio à família?
P. Doutor Carlos Gonçalves, Diretor do Gabinete de Atendimento à Família de Viana do Castelo – Estar envolvido, desde o início (1994), num projeto de intervenção social com a missão do Gabinete Social de Atendimento à Família, tem sido uma experiência sublime e desafiante de anúncio do Evangelho, ao serviço da dignidade da pessoa, devolvendo-lhe a marca do Criador; e simultaneamente uma experiência de cidadania participativa em ordem à inclusão de todos os cidadãos em comunidades e culturas que promovam o bem comum, rumo a uma efetiva justiça social, ao serviço da qualidade de vida pessoal, familiar e comunitária.
Sendo os grupos mais vulneráveis de cidadãos, os públicos preferenciais das diversas intervenções do GAF, uma das áreas da qualidade de vida que vem sendo desenvolvida é a dimensão estruturante da sexualidade humana. Num contexto histórico social e cultural, em que as relações humanas são cada vez mais ego-centradas, instrumentalizadas e líquidas, torna-se urgente construir uma cultura da reciprocidade através de uma educação sexual em que as dimensões da relação e dos afetos tenham a sua centralidade. A sexualidade, desde o nascimento até ao declínio do projeto humano, organiza e é um dos indicadores relevantes da qualidade de uma vida saudável. Ou seja, a sexualidade centrada nos afetos, com as marcas da ternura amorosa, orienta e organiza as relações interpessoais nos vários contextos de vida que partilhamos como, a família, a escola, o trabalho, as comunidades de pertença, os contextos de lazer… uma leitura instrumental e descomprometida da sexualidade deturpa a grandeza, a beleza e a sublimidade que envolvem a sexualidade humana e inevitavelmente promove comportamentos mórbidos, descomprometidos e instrumentalizares das relações com os outros, gerando medos, mitos e culpabilizações na vivência dos afetos.
É urgente que os contextos educativos, família, escola e comunidades desconstruam fantasmas, estereótipos, medos e moralismos… acerca da sexualidade, para que através da formação/educação sustentada, se possa assumir uma relação mais saudável com esta dimensão organizadora das nossas vidas, transmitindo este legado experiencial de ternura, de respeito e de responsabilidade às gerações mais novas.
O GAF, através das suas práticas nas várias valências de intervenção com grupos vulneráveis – consumidores de substâncias, pessoas em situação de sem abrigo, profissionais do sexo, vítimas de violência doméstica, famílias em situações reais de pobreza estrutural (económica, emocional e social) e com crianças em risco, portadores de HIV/SIDA – quer prevenindo quer remediando, pretende dar um contributo importante para uma vivência positiva e transformadora da sexualidade como dimensão integradora da realização do ser humano.