Dia da Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina (MGF) / 6 de fevereiro


Dia da Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina (MGF) / 6 de fevereiro

Presidente da Direção da Sociedade Portuguesa de Sexologia Clínica

Patrícia M. Pascoal

Comissão da Sexualidade Feminina

Lisa Vicente

Andreia Antunes

Susana renca

A Mutilação Genital Feminina (MGF) é uma prática cultural que se realiza em várias partes do mundo. Consiste em remover parte ou a totalidade dos genitais femininos externos com o objetivo de ritualizar a entrada das raparigas na idade adulta, entre outras razões.

Gradualmente tem-se assistido a conquistas legais importantes nesta área com a crescente proibição desta prática em diferentes países, incluindo Portugal. Sabe-se que esta persiste, muitas vezes na clandestinidade, com consequências negativas na saúde global. As repercussões mais significativas, sabe-se atualmente, recaem sobre a saúde mental e a saúde sexual, podendo privar as mulheres de práticas sexuais prazerosas e/ou associar a vida sexual à dor como consequência da MGF.

Neste dia, a Comissão da Sexualidade Feminina e a Direção da Sociedade Portuguesa de Sexologia Clínica associam-se a tod@s @s que no mundo inteiro se unem para relembrar que é preciso continuar a trabalhar e a combater para que esta prática seja erradicada. Em todo e qualquer ponto do globo.

CUIDAR

Muitas mulheres que vivem em Portugal foram submetidas “à tradição”, i.e., à MGF. Algumas mulheres procuram os cuidados de saúde por variadas razões, algumas relacionadas com as complicações da MGF, outras não. Mas o facto de terem passado por este evento é central na forma como interagem na sua intimidade, nos seus relacionamentos afetivos e na sua vida em geral.

Os profissionais de saúde, em concreto, devem saber como abordar este tema, porque as mulheres já submetidas à MGF podem não falar espontaneamente sobre o assunto. Contudo, esta questão é importante na abordagem clínica, em particular nas áreas da saúde mental, saúde sexual / sexologia e saúde reprodutiva.

Neste dia, a SPSC encoraja e convida @s profissionais de saúde a explorar o recente documento da Organização Mundial de Saúde onde encontra informação prática, precisa e atual sobre as vários aspectos da Saúde e Cuidados em mulheres com MGF.

Care of Girls and women living with female genital mutilation: A clinical handbook

PREVENIR

Para combater a MGF é importante adoptar uma abordagem psico-educativa. uma vez que a maioria das pessoas desconhece que esta prática é ilegal em Portugal e em muitos outros países e desconhece as suas complicações assim como as suas consequências. A maioria das pessoas desconhece também que esta prática não tem uma fundamentação sólida em termos religiosos e que é uma violação clara dos direitos humanos e dos direitos sexuais.

Trabalhar na prevenção desta prática depende de profissionais de diferentes áreas do conhecimento e da intervenção: investigação, saúde, educação, intervenção social ou comunitária, animação cultural, direito, comunicação social entre outras.

Tod@s podemos e devemos contribuir para que a MGF deixe de ser realizada.