Função e disfunção sexual na comunidade LGBTQIA+ – incluindo antes e depois da cirurgia de afirmação de género: Recomendações da Quinta Consulta Internacional sobre Medicina Sexual (ICSM 2024)


Função e disfunção sexual na comunidade LGBTQIA+ – incluindo antes e depois da cirurgia de afirmação de género: Recomendações da Quinta Consulta Internacional sobre Medicina Sexual (ICSM 2024)

Autores: Garcia, Peixoto, Armstrong, Kelley, Knudson, Mattawanon, & Wheldon

Na última reunião de Consultadoria Internacional em Medicina Sexual, um grupo de especialistas elaborou um conjunto de recomendações clínicas baseadas em evidência para apoiar o bem-estar sexual de pessoas da comunidade LGBTQIA+, incluindo antes e depois de intervenções médicas afirmativas de género. Destaca-se que a função e disfunção sexual variam significativamente entre indivíduos com orientações sexuais diversas, pessoas trans e pessoas intersexo ou com diferenças no desenvolvimento sexual. As recomendações sublinham a importância de considerar fatores como identidade sexual e de género de forma independente dos comportamentos sexuais, de procurar promover a satisfação sexual, de incluir a avaliação da saúde mental e do stress minoritário, e de avaliar fenómenos de dor sexual independentemente da orientação sexual. É dada ênfase à ideia de que a ausência de desejo ou comportamento sexual não é necessariamente patológica, desde que não cause sofrimento, como é o caso da assexualidade. A abordagem clínica deve ser afirmativa, culturalmente sensível e adaptada às experiências únicas de cada grupo.

No caso das pessoas trans, as intervenções médicas como terapias hormonais e cirurgias de afirmação de género têm impacto variável na função sexual, sendo a satisfação corporal um fator determinante na redução do sofrimento sexual. A investigação aponta para a necessidade de medidas de avaliação mais inclusivas e específicas para estas populações, dado que os instrumentos existentes são frequentemente baseados em modelos cisnormativos. Para pessoas intersexo ou com diferenças no desenvolvimento sexual, recomenda-se uma abordagem multidisciplinar que respeite a autonomia e diversidade de experiências, reconhecendo os desafios éticos e sociais associados às intervenções médicas precoces. Em todos os casos, é essencial promover práticas clínicas que respeitem os princípios de beneficência, não-maleficência, autonomia e justiça, integrando a diversidade, equidade e inclusão como pilares fundamentais da prestação de cuidados.

Referência para o artigo (open access): https://doi.org/10.1093/sxmrev/qeaf024