Saúde sexual e reprodutiva em distúrbios neurológicos: recomendações da Quinta Consulta Internacional sobre Medicina Sexual (ICSM 2024)


Saúde sexual e reprodutiva em distúrbios neurológicos: recomendações da Quinta Consulta Internacional sobre Medicina Sexual (ICSM 2024)

Autores: Elliott, Birkhäuser, Courtois, Gül, Ibrahim, Kiekens, Wayne, Epi, Ohl, & Fode

Na mais recente Consultoria Internacional em Medicina Sexual, um grupo de investigadores dedicou-se a reunir evidência empírica no âmbito da saúde sexual e reprodutiva em pessoas com perturbações neurológicas. De uma forma geral, as disfunções sexuais são prevalentes em pessoas com perturbações neurológicas, e afetam tanto homens quanto mulheres nas diferentes fases da resposta e função sexual, como desejo sexual, excitação sexual, orgasmo, ejaculação e dor sexual. Estas alterações decorrem de lesões no sistema nervoso central e periférico, e interferem negativamente com os estados de humor, a mobilidade, a sensibilidade genital, o controle vesical e intestinal, e os níveis hormonais. O artigo recomenda, assim, que todos as pessoas com condições neurológicas sejam avaliadas quanto à função sexual e fertilidade, com inclusão de programas de reabilitação sexual nos protocolos de tratamento para a condição neurológica. A abordagem deve, assim, ser multidisciplinar, envolvendo profissionais da área da medicina, enfermagem, psicologia, fisioterapia, terapia ocupacional, sexologia, entre outras, com atenção especial à realização de uma colheita exaustiva da história sexual, realização de exames físicos, testes neurológicos e laboratoriais.

Recomenda-se que o tratamento das disfunções sexuais deva ser individualizado e personalizado, considerando a etiologia neurológica, a iatrogenia farmacológica, e os fatores biopsicossociais. Para homens com disfunção erétil, os inibidores da fosfodiesterase-5 são recomendados como primeira linha na intervenção. Por sua vez, as mulheres podem beneficiar do recurso a lubrificantes e hidratantes vaginais, terapia hormonal e dispositivos de assistência sexual e vibradores.

A área da fertilidade não deve ser negligenciada, sendo que nos homens com lesão medular recomenda-se o recurso à estimulação vibratória peniana ou eletroejaculação, enquanto que nas mulheres com condição neurológica recomenda-se o acompanhamento especializado desde o período pré-natal até ao pós-parto. Em jeito de conclusão, a inclusão da saúde sexual e reprodutiva como parte essencial da reabilitação neurológica é fundamental para melhorar a qualidade de vida destas pessoas.

Referência para o artigo (open access): https://doi.org/10.1093/sxmrev/qeaf030